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quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Como foi a minha cerclagem...


  Como quem é vivo sempre aparece, cá estou eu ressuscitando este blog, pois novamente resolvi me aventurar com mais um baby em casa :) Estou grávida atualmente de 20 semanas e como já contei aqui, na minha gestação anterior tive dilatação precoce (com 18 semanas) e diagnóstico de colo do útero curto. 

  Naquela época (2014), não faziam medição do colo e as gestantes só descobriam o problema após perder 1 ou mais bebês... Mas eu sempre tive uma relação de escutar minha intuição e dar atenção aos sinais do meu corpo e percebi, às 18 semanas, que sentia um peso estranho na região vaginal, como se fosse uma pressão... Insisti até que minha GO resolveu fazer o exame de toque e realmente lá estava eu como 1 cm de dilatação e orifício externo do colo aberto... Bom, nem preciso dizer que foram longas semanas de repouso, desespero e utrogestan, até que com 34 semanas o Davi nasceu, num rápido parto normal, lindo, forte e saudável! Ficou na uti após 4 dias de nascido, mas pq estava com amarelão, de resto estava perfeitinho :) Na época da gravidez, fiz duas medições do meu colo na emergência obstétrica, as quais eram 3,3 cm com 19 semanas e 3 cm com 25 semanas (mas com pressão o colo diminuía para 2 cm)

  Eu já sabia que numa futura gestação, possivelmente teria que fazer a cerclagem e me preparei psicologicamente para isso. Enfim, esperei até o Davi ter uma idade em que tivesse um pouco mais de autonomia, pois sabia que talvez pudesse precisar de repouso novamente. Ano passado ele completou 4 anos em janeiro e em setembro recebi meu novo positivo!

A minha GO me orientou a fazer a ecografia para medição do colo do útero (que agora é de praxe fazer), juntamente com a ecografia de translucência nucal, pois a cerclagem só seria feita após a confirmação de que o feto não possuía nenhum tipo de síndrome. Enfim, com 12 semanas realizei os exames na Ecofetal com o Dr. Eduardo Becker, super conhecido e renomado aqui em Porto Alegre. Fizemos 3 exames: rastreamento cromossômico (o qual foi particular), medição do colo e avaliação doppler das artérias uterinas (acho que o nome é esse). Tudo ok com o bebê, com as artérias e melhor ainda com o colo, que media 3,6 cm, uma medida considerada normal.

  Levei os exames na GO e ela ficou muito em dúvida sobre fazer ou não a cerclagem... Falou que era uma cirurgia com riscos e que meu colo não tinha valores preocupantes para tal... Que o parto prematuro de antes poderia se dar por vários outros fatores que não o tamanho do colo, me deu algumas explicações científicas e etc, e disse q podíamos ter 2 alternativas: colocar um pessário caso o colo diminuísse em um mês ou fazer uma cerclagem de emergência mais pra frente caso fosse necessário. Sinceramente estas alternativas não me deixaram nem um pouco tranquila e meu maior medo era ter que ficar nessa situação de risco iminente de perda e ter que fazer novamente repouso.

  Bom, conversamos bastante a respeito do assunto posteriormente por whats app e decidimos ouvir uma segunda opinião de uma GO especialista em gestação de risco. Minha GO deixou agendada minha cerclagem para o dia 21/12 (pois nessa época era bem difícil conseguir horário no bloco cirúrgico) e eu consegui um encaixe com a especialista (pagando a consulta) um dia antes da cirurgia. Foi tudo correndo, no sufoco, pois fiz os exames com 12 semanas e a cerclagem foi agendada para 14 semanas (lembrando que fazer essa cirurgia até as 16 semanas é o ideal, pois tem menos riscos). 

  A consulta com a especialista (Dra. Janete Vetorazzi) foi ótima, me tirou um milhão de dúvidas, me pediu vários exames, me examinou e aconselhou a já iniciar o uso do utrogestan e a realizar a cerclagem, pois meu colo atualmente era mole , foi curto com 25 semanas na gestação anterior e já tive um parto prematuro anteriormente. Disse que se eu quisesse, poderia também colocar um pessário depois da cirurgia para ter mais segurança, pois ele daria sustentação ao peso do bebê. Obs: Essa opção do pessário optamos por utilizar apenas se necessário futuramente, até pq não tem cobertura pelo plano de saúde e eu teria que desembolsar quase 2 mil reais.

Após essa segunda opinião, o martelo foi batido e dia 21/12 realizei a cerclagem no hospital Moinhos de Vento, aqui em Porto Alegre. Precisei de 8h de jejum e a princípio minha cirurgia seria feita com anestesia raquidiana, mas na hora o anestesista resolveu optar por anestesia geral, pois a recuperação seria mais rápida e eu não precisaria ficar 24h internada. Confesso que eu já estava apavorada com a ideia de tomar uma raqui (pois nunca tinha tomado anestesia na vida, nem no parto do Davi, que como disse, foi tão rápido que nem deu tempo pra anestesia), mas fiquei mil vezes mais atucanada quando falaram em anestesia geral. Tive medo, principalmente, de fazer mal para o bebê, mas segundo os médicos a dose seria pouca e não afetaria o feto, ele apenas ia dormir um pouco também.

  A cirurgia durou 30 minutos e eu acordei ainda no bloco cirúrgico (parece que antes de eu lembrar, pois a GO disse que inclusive escutamos o coração do bebê, mas eu esqueci pq a anestesia geral dá perda de memória!).

  A cirurgia terminou as 17h30 e fiquei até umas 21h na recuperação. Depois recebi alta. Não senti dor, só um pouco de cólica no hospital pq colocaram um tampão com gases no local (dentro da vagina), mas depois que a enfermeira retirou, as cólicas passaram (doeu um pouco pra retirar o tampão, mas foi mais por falta de jeito da enfermeira). Tive um pouco de náusea por conta da anestesia, mas logo passou. Tive pouco sangramento, parou no dia seguinte.

  Não precisei tomar remédio para dor (só tomei no hospital e depois não precisei) e tomei por 10 dias Nifedipina (um remédio para pressão arterial, mas que também é usado para evitar contrações uterinas). No dia 23/12 fiz uma ultra na emergência do hospital por orientação da minha GO, pois no bloco cirúrgico não tinha o equipamento e apenas tinham escutado o coração do bebê. Graças a Deus, tudo ótimo com o baby!

  Uns 25 dias depois da cirurgia, precisei ir na emergência obstétrica pois me apareceu um cisto na região da vagina (esse é assunto para outro post, mas já adianto que não tem nada haver com a cerclagem ou gravidez) e aí mediram meu colo e deu 3,9 cm. Dois dias depois tinha consulta com minha GO e ela mediu o colo também (ela tem aparelho de ultra no consultório) e deu 3,4 cm. Por incrível que pareça, essa discrepância entre as medidas não tem nada haver com o colo ter diminuído em 2 dias, mas sim está relacionado ao equipamento e sensibilidade do médico que está avaliando. Por isso o ideal é sempre fazer no mesmo local e com o mesmo médico. Combinamos de medir sempre no consultório da minha GO, mas segundo ela a medida estava ótima.

  Vou confessar que mesmo com uma medida considerada boa, eu mantenho um repouso relativo desde o dia que descobri a gravidez. Eu parei com atividades físicas, faço o mínimo de esforço possível e estou em abstinência sexual. A GO especialista em gestação de risco disse que eu estava fazendo bem, pois é melhor prevenir, do que remediar. Logo após a cerclagem fui orientada a fazer 2 dias de repouso absoluto e depois poderia seguir vida normal, mas mantendo abstinência sexual. Eu dou umas saídas rápidas, mas não todos os dias, e procuro não ficar muito tempo em pé. Tive que dar uma parada com meu trabalho de fotógrafa e sigo com o artesanato em feltro (até para ocupar minha mente), mas evitando ficar muitas horas sentada, procuro sempre ficar mais pra deitada (minha coluna vai agradecer daqui a pouco...sqn!). 

  Ah, continuo usando o utrogestan todas as noites (e vai ser assim até o fim, segundo a GO de alto risco), tenho notado que tenho menos muco que antes da cirurgia e ainda sinto o peso na região vaginal (mas acredito ser normal). Cada cólica diferente é sinal de preocupação pra mim, tenho medo todos os dias, mas também estou fazendo tudo que posso para que meu colo continue com essas medidas ótimas :)

  Na próxima semana farei a morfológica do 2º trimestre e tenho consulta com a GO para avaliar o colo! Nem preciso dizer o quanto estou ansiosa, né? O lado bom é que o bebê (ou melhor, a bebê, pois o Dr. Eduardo me garantiu que é uma menina, mas eu ainda não estou acreditando, rs) já mexe mais que passista de escola de samba e me deixa tranquila que lá dentro tá tudo de boas hehe... Em breve volto aqui para contar as cenas dos próximos capítulos!

  Talvez eu crie um instagram futuramente para trocarmos figurinhas, o que acham? Sei que blog é fora de moda kkk, mas curto mais poder escrever bastante aqui, sem tanta exposição como é no instagram... Vou pensar no assunto ainda!

Beijos,
Elis


terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Incompetência Istmo Cervical (IIC)

Incompetência Istmo Cervical, insuficiência do colo uterino e colo do útero curto

Incompetência Istmo Cervical, insuficiência do colo uterino e colo do útero curto são denominações para o mesmo problema: o colo do útero não tem capacidade suficiente para "segurar" o feto depois que ele adquire determinado peso (normalmente acima de 500g).

Incompetência Istmo Cervical, insuficiência do colo uterino e colo do útero curto

O colo do útero é a parte de baixo do útero, onde se encontra a abertura do mesmo e a ligação com a vagina. É por ele que passam os espermatozóides e a menstruação. Durante a gravidez, forma-se no local um tampão composto por muco, a fim de fechar esta abertura. Em uma gravidez normal, o colo permanece grosso, fechado e com comprimento superior a 2,5 cm até as últimas semanas. 

No entanto, numa gravidez com IIC, o colo começa a ficar mole, apagado, fino ou com tamanho inferior a 2,5 cm antes do tempo (normalmente isso ocorre no segundo trimestre de gravidez), não suportando o peso do bebê e na maioria das vezes ocasionando um parto prematuro.

As causas de IIC podem ser congênitas ou adquiridas. Nas congênitas, a mulher nasceu com uma má formação do canal, como por exemplo, em decorrência de maior concentração de fibras elásticas do que fibras musculares. As causas adquiridas são aquelas que a deformidade se deu após o nascimento, como no caso de partos com utilização de fórceps, partos traumáticos, conização, etc (fonte wikipedia).

Infelizmente os obstetras não têm como praxe a medição do tamanho do colo do útero durante a gravidez e o problema acaba somente sendo diagnosticado após a gestante sofrer um ou mais abortos. O tamanho do colo do útero pode ser facilmente acompanhado através de ultrassonografia e quando diagnosticado o IIC até a 13ª semana de gestação, pode-se fazer a cerclagem, que é a costura em volta do colo uterino. Existem casos de cerclagens de emergência, realizadas após a 13ª semana, mas os riscos de a bolsa estourar com o procedimento são maiores.

Colo do útero curto - Minha experiencia

Sintomas e Diagnóstico 

Tive diagnóstico de colo do útero curto com 18 semanas de gestação. Sentia uma pressão muito forte "lá embaixo" e comentei com a minha GO. Após uma certa insistência minha, ela fez exame de toque e verificou que meu colo estava apagado e com dilatação de 1 cm. Me mandou fazer repouso absoluto e tomar antibiótico, pois poderia estar com infecção urinária (que ocasiona partos prematuros!).

(Como foi a minha cerclagem...)


Tamanho do colo do útero

Com um certo desespero e ainda sentindo aquela pressão, fui alguns dias depois na emergência obstétrica. Lá mediram pela primeira vez meu colo e ele tinha exatamente 2,5 cm. Esse é considerado um tamanho limite, mas que era um pouco curto para meu tempo gestacional. Como já estava com a gravidez muito avançada, minha GO e uma outra obstetra que consultei para uma segunda opinião, foram categóricas em dizer que não era aconselhável a cerclagem. E lá vai mais repouso e uso de utrogestan todas as noites. 

Lá pela 28ª semana de gestação, depois de um final de semana de muitas contrações e poucos movimentos do bebê, fui na emergência novamente e mediram meu colo pela segunda vez (nesses períodos minha GO apenas fazia exame de toque e a dilatação continuava a mesma). O comprimento tinha aumentado para 3 cm, mas sob pressão afunilava para 1,5 cm. E lá vai mais repouso e retomada de utrogestan que eu tinha parado de tomar há uma semana. 

Minha GO nunca foi muito rigorosa com as orientações de repouso, mas eu seguia a risca, levantava só para tomar banho e ir ao banheiro. Se ia em consultas ou exames, só saia de carro e subia escadas carregada no colo. Quando fechei 29 semanas, o repouso foi liberado e eu resolvi sair um pouco, pois era época de final de ano. Saí todos os dias, mas só de carro. Resultado: aumento de contrações, dilatação de 2 cm e início de perda do tampão (que é tipo um catarro amarelado). Voltei para a clausura novamente e saía só nos finais de semana para dar uma voltinha de carro. 

Com 34 semanas e 3 dias entrei em trabalho de parto. Minha GO tinha posto como meta as 34 semanas, pois é quando o bebê já está praticamente todo formado e tem menos chances de ir para a UTI. Acho que quando fechei as 34 semanas fiquei tão aliviada, que o Davi resolveu que já era essa história de repouso pra mim!

Pretendo ter um segundo filho, sei que vai ser bem difícil e o planejo para quando o Davi já for mais crescidinho e não depender tanto de mim...Foi muito difícil a angústia de poder perder um filho tão desejado, ficar 4 meses de repouso, ler tanta tragédia na internet, mas no fim tudo passa e a gente até esquece que um dia passou por tanto sofrimento!

Existem casos mais graves de IIC, em que a mulher perde logo no comecinho da gravidez, mas acho que se fosse de costume a medição do colo durante a gestação, tudo poderia ser evitado! Quem sabe um dia as coisas mudem e agradeço todos os dias por ter conseguido diagnosticar o meu problema a tempo!
Beijocas,
Elis